No mapa polícromo de Hans Buenting (1581), o nosso mundo parece uma flor; as suas três pétalas representam os três continentes da Europa, Ásia Ocidental e África, unidos pela Terra Santa. O mapa permite interpretações: a flor é a fé de Cristo e de Nossa Senhora, e as três pétalas são o Islão, o Catolicismo e a Ortodoxia. Enquanto os Ocidentais preferem ver o Islão como a antítese do Cristianismo, os Cristãos de Leste, notavelmente S. João Damasceno[1], consideraram o Islão outra Igreja Cristã, a par com a Igreja Católica Ocidental. Na verdade, o Islão com sua veneração por Cristo e Sitt Maryam[2] não está mais longe da Ortodoxia do que o Calvinismo anti-Maria, sem ícones e sem sacerdotes. As três igrejas oferecem três leituras do mesmo conceito: os Ortodoxos acentuam o Cristo ressuscitado, os Católicos concentram-se no Cristo crucificado, e os Muçulmanos seguem o Espírito Santo. A rejeição dos Ortodoxos de o “filioque”[3] é a sua ligação adicional com o Islão; aproximação teológica ancorada na proximidade geográfica.
Esta visão do Islão como a terceira grande igreja da nossa oikouménè é básica para a nossa compreensão da guerra do Médio Oriente. Na verdade, há muitas maneiras de interpretar o conflito: a economia política, a demografia, a geopolítica e a teoria racial oferecem as suas interpretações divergentes. O problema é que nenhuma satisfaz suficientemente. Um forte sentimento de que o problema pede uma explicação de natureza religiosa encontrou a sua expressão na doutrina do livro “Clash of Civilizations” de Huntington[4], que posiciona o “Islão contra o Cristianismo” como a repetição das Cruzadas medievais. A sua aplicação grosseira, rasteira, pode encontrar-se em todo os grandes jornais ocidentais, desde o NY Times até ao império de Berlusconi, e levada ao extremo por Oriana Fallaci[5] e Ann Coulter[6].
Mas o conflito entre as três grandes igrejas terminou – para bem ou para mal, os galantes cavaleiros com as capas vermelhas de peregrinos sobre as brilhantes armaduras já não cavalgarão pelos montes da Palestina ou pelos campos de Poitou exclamando Lumen Coeli para os igualmente nobres e valentes Sarracenos com seus pendões verdes. As suas áreas de influência estão bem estabelecidas, e as pequenas escaramuças de fronteira e os desafogos de alma servem apenas para manter os bravos despertos. Não há nenhuma “ameaça islâmica contra o Catolicismo” ou “ameaça católica contra a Ortodoxia”, embora muitos afirmem o contrário.
Os Cristãos Ortodoxos da Grécia e da Rússia, da Palestina e da Síria compartilham as mesmas ideias dos Muçulmanos e são igualmente hostis à invasão americana. As tentativas de instilarem o sentimento pró-americano em Moscovo e Atenas invariavelmente falham. “As suas (dos Ortodoxos) maneiras de ver parecem ter mais em comum com a opinião pública no Cairo ou Damasco do que em Berlim ou Roma”, admitiu “The Wall Street Journal”. Mas basta do tolo conceito de conflito entre o Cristianismo e o Islão. Na minha opinião, e neste artigo, a ‘Cristandade’ inclui o Islão e as grandes Igrejas Apostólicas do Leste e do Ocidente.
A teoria de Huntington, conquanto errónea, baseia-se na fundação profunda da teopolítica, uma palavra desconhecida do dicionário da Microsoft Word, mas introduzida por Carl Schmitt[7]. Este grande pensador é difícil posicioná-lo, pois é reclamado como seu pelos Nazis e Neo-cons, Desconstrucionistas e Anti-globalistas, e por pensadores tão diferentes como Leo Strauss e Giorgio Agamben, Huntington e Derrida[8]. Na opinião de Schmitt, “todos os conceitos mais ricos de significado da doutrina moderna são conceitos religiosos secularizados.”
A doutrina “democracia liberal e direitos humanos” levada pelos marines americanos, mesmo para lá do Oxus e do Tigre, é uma cripto-religião, uma forma extrema de heresia do Cristianismo judaizado. Alexandre Panarin, um moderno (falecido) filósofo político russo, notou o carácter anti-cristão da doutrina americana: “ A nova visão americana de Bens descontextualizados e seus dessocializados Consumidores é um mito pagão”; na sua opinião a doutrina US representa uma queda no paganismo.
Na minha opinião, esta nova religião pode ser chamada Neo-Judaísmo; os seus adeptos imitam as atitudes clássicas judaicas; os Judeus agem muitas vezes como sacerdotes desta nova fé e são considerados sagrados pelos seus adeptos. Na verdade, enquanto as mesquitas ardem na Holanda e as igrejas são arruinadas em Israel, não se excitam quaisquer emoções como as provocadas quando são escritos grafitti na parede duma sinagoga. Os US qualificam os seus aliados pela sua atitude para com os Judeus. O Templo do Holocausto [“Museu”] ergue-se ao lado da Casa Branca. O apoio ao estado de Israel é condição sine qua non para os políticos americanos.
Toda a gente pode pertencer aos “Eleitos” da nova fé – a escolha é sua; a Novíssima Aliança admite tanto Gentios como Judeus; adorai Mamona, não façais caso da Natureza, Espírito, Beleza, Amor; senti-vos pertencer a uma raça à parte, provai-o por um qualquer êxito deste mundo – e podereis entrar. Por outro lado, qualquer judeu pode escolher sair; não há qualquer virtude ou culpa biológica.
Ainda existe um forte sentimento de continuidade entre o Paleo-Judaísmo e a nova versão. O estado judaico é a corporização do medo paranóico e do ódio ao estrangeiro judaicos, enquanto que a política cabalística do Pentágono é outra manifestação destes mesmos medo e ódio a uma escala global. As ideias para o Neo-Judaísmo foram formadas pelo nacionalista judeu Leo Strauss, e promovidas pelos escritores judaicos do New York Times. Há um projecto de fornecer ao Neo-Judaísmo ritos exotéricos com a construção de um novo Templo de Jerusalém no local da Mesquita al-Aqsa.
O Neo-Judaísmo é a fé não oficial do Império Americano, e a guerra no Médio Oriente é sem dúvida a Jihad Neo-Judaica. Isto é intuído por milhões. Tom Friedman do NY Times escreveu que os iraquianos chamam “judeus” aos invasores americanos. O Neo-Judaísmo é o culto do globalismo, do neo-liberalismo, da destruição da família e da natureza, anti-espiritual e anti-cristão.
Também é um anti-social culto da comodificação, da alienação e do desenraizamento; lutando contra a sociedade coesa, contra a solidariedade, contra a tradição – em resumo, contra os valores defendidos pelas três grandes igrejas. Como a igreja perdeu a sua posição no Ocidente, os adeptos do Neo-Judaísmo consideram a Cruistandade Ocidental quase morta e lutam contra ela por meios sem sangue através da ADL, da ACLU[9] e de outras organizações anti-cristãs. A “Village Voice” chama a Bush “o Cristão”, “The New York Times” escreve sobre o abuso das crianças pelos padres, Schwarzenegger deita abaixo uma igreja em “The Last Days”, – eis a frente ocidental da Jihad neo-judaica.
Mas o Islão é o último grande reservatório do espírito, da tradição e da solidariedade, e os Neo-Judeus lutam contra nele com toda a potência de fogo de que dispõem. O Islão tem de ser esmagado para que o Templo neo-judeu seja erigido no local de al-Aqsa. O Islão é a fé predominante dos vizinhos e inimigos de Israel. O Islão tem um papel histórico na defesa da Palestina, o centro da flor de três pétalas, a depositária da pré-tradição profetizada por Guénon.[10]Carl Schmitt observou “o grande paralelo histórico” entre os nossos dias e os dias de Cristo. Na verdade, a guerra na Palestina é muitas vezes interpretada como uma nova tentativa dos (Neo-) Judeus e adoradores de Mamona de crucificarem Cristo na Sua terra. Guénon considerava que a modernidade (representando o kali yuga ou o estádio final) concluiria com o aparecimento do Anticristo e o fim do mundo. Assim a guerra contra o Islão é uma fase da última guerra, a Guerra contra Cristo.
A um nível metafísico mais profundo, existe uma luta entre duas tendências: um poder que procura juntar o Céu à Terra e ressacralizar o mundo; e um poder que tenta separar o Céu e a Terra – para profanar o mundo. A potência unificadora é representada como Cristo nos braços de Nossa Senhora. A potência separadora, o Grande Profanador, é mais do que os Judeus; mas eles avidamente o apoiam , pois, na sua visão, o mundo fora de Israel (Persona Divina, não o estado) deve ser profano e ateu. Assim, as acções dos Neo-Judeus levam eventualmente à profanação do mundo, e, noutro nível, à libertação das limitações impostas pela sociedade e por Deus, à vitória do individualismo.
II
Agora, já que diagnosticamos a doença (Neo-Judaísmo, como religião nova e o Médio Oriente como sua jihad), podemos tentar uma cura. A peça central desta guerra não é o campo de batalha de Falluja, mas a batalha sobre as mentes feita por ideias: vencerá Cristo ou o Anticristo? Esta questão não é decidida pela força das armas, mas pela nossa capacidade de derrotar o inimigo no discurso. Vós, meus leitores e camaradas, sois uma unidade lutadora de elite do exército espiritual; exponde o inimigo e vencei-o.
É possível combater uma religião, especialmente o Neo-Judaísmo, uma forma extrema de heresia. Nós deveríamos mostrar as suas raízes religiosas, os seus trastes hereditários religiosos e profanos, ridicularizar os seus conceitos e lançar luz sobre os seus crimes. Quando os predecessores do Neo-Judaísmo começaram a combater a Igreja, fizeram troça dos seus princípios. Deste ponto de vista, o estrénuo actor francês Dieudonné[11] fez tanto como qualquer outro para fazer parar a Jihad.
Guénon considerava a Reforma como a Queda, como o começo do Kali Yuga: o Neo-Judaísmo deve então ser visto como a sua terminação, como o extremo da Reforma, onde o corpo reformado se torna em total oposição ao anterior à Reforma. De certo modo, a nossa tarefa é Contra-Reforma, e o nosso estandarte é Nossa Senhora, que é ‘majestosa como tropas com estandartes’ (SS 6:4). Schmitt também considerava Nossa Senhora, a Virgem Maria, o símbolo religioso e cultural mais importante, embora ele não tivesse consciência da sua ligação ao Islão.
A tendência judaizante que primeiro apareceu na Cristandade com a Reforma (ou, segundo Dugin[12], com o desvio da igreja romana do credo de Niceia) floresceu agora no Neo-Judaísmo. Esta religião é vulnerável porque não é uma fé universal. Como o seu predecessor, o [Paleo-]Judaísmo, é uma religião para os Escolhidos; desta vez para os Escolhidos de Mamona, e para lá do Mamona vemos o Grande Profanador, o Anticristo. Os Escolhidos são apenas alguns; o resto segue esta heresia contra os seus próprios melhores interesses.
O Professor californiano Kevin McDonald escreveu com algum espanto: “As ricas e poderosas elites europeias estão muitas vezes inconscientes, ou não lhes dão valor, dos seus próprios interesses nacionais. Agiram para subverter os interesses nacionais dos seus próprios povos…Uma razão pode ser que estas elite ocidentais são capazes de viver em comunidades fechadas isoladas do resto do mundo, ignorando completamente os seus parentes étnicos.” Ele não compreendeu, porém, que as “poderosas elites europeias” emulam as atitudes tradicionais dos Judeus: eles vivem em “comunidades fechadas” como os Judeus viviam nos guetos; [historicamente, um gueto judaico era uma “comunidade fechada” privilegiada, tal como uma comunidade europeia na Xangai pré-comunista, escreveu Jabotinsky[13]] e não encaram o povo comum como seus parentes. Esta é a via neo-judaica do sucesso, pois os neo-judeus não têm nem parentes étnicos nem pátria.
Uma imitação raramente é tão bem sucedida como o original. O poeta sufi[14] Rumi conta a história bizarra de uma jovem que copulava com um macaco: ela usava uma beringela para tornar o tamanho enorme dele apropriado às suas dimensões humanas. A sua patroa reparou no que ela fazia e decidiu imitá-la; mas não aplicou o truque da beringela e ficou rasgada até à morte à primeira tentativa. Do mesmo modo, os neo-judeus não conseguiram reparar no apoio, como que familiar, que os Judeus reais dão aos seus; prestaram atenção apenas aos aspectos externos do comportamento judaico, isto é, eles menosprezam a sua sociedade nativa[15]. É por esta razão que se sujeitam a sofrer o mesmo destino da tola patroa da manhosa rapariga: sem dúvida, eles decairão e destruirão a sua sociedade, não tendo nada onde cair mortos.
A observação de McDonald pode ser interpretada como o reconhecimento da traição feita ao povo pelas elites[16]. Isto é correcto: enquanto a URSS tombava como resultado da traição das elites, um processo semelhante está tendo lugar no Ocidente. A Guerra contra o Islão corre tão mal para os US como para Israel, porque as elites nativas, mobilizadas pela sua Igreja não vão pela traição total. Tal traição não é comme il faut na Dar al-Islam[17].
Podemos separar os Escolhidos dos desviados, mas primeiro temos de irromper por alguns anéis defensivos do inimigo. O anel defensivo exterior do Neo-Judaísmo é a sua firme recusa de que é uma religião. Este estratagema foi usado pelo Comunismo e eventualmente acabou por o destruir. O segundo anel defensivo é a apresentação da religião como “um assunto privado, que não diz respeito aos outros”. A sua Jihad difere da nobre Jihad do Profeta Maomé; em vez de proclamarem a sua fé, os neo-judeus tentam impor a sua subrepticiamente. A falsa bandeira do “Cristianismo” bushita adorna o terceiro anel.
Até agora, o Neo-Judaísmo venceu, derrotando os seus inimigos um a um; agora devemos uni-los todos. Em termos cabalísticos, devemos juntar as faíscas que se dispersaram quando os Vasos se quebraram por excesso da luz divina (Shevirath Keilim). Neste processo reconheceremos as forças e tendências positivas [por Cristo e Nossa Senhora] do nosso oikuménè e uni-las-emos, ao mesmo tempo que desmontamos os estratagemas do inimigo.
O cisma esquerda-direita foi imposto pelo inimigo: devemos ultrapassá-lo. A Esquerda e a Direita referem-se a um universo unidimensional; mas o nosso mundo certamente tem mais dimensões do que uma. A análise das práticas políticas judaicas mostra que os Judeus não sobrestimam a distinção Esquerda-Direita: o líder de um partido Meretz da esquerda, Yossi Sarid, elogiou o líder assassinado do partido da extrema direita judeo-nazi, Rahavam Zerevi. Israel não é excepção à regra: os judeus Republicanos mais militantes, os neo-cons, expressaram a sua disponibilidade para mudarem de partido e tornarem-se Neo-Liberais, no caso da vitória de Kerry.
[Segue-se um pequeno texto de Patrick J. Buchanan, extraído do www.antiwar.com , o qual comprova o que foi dito imediatamente atrás, e que me dispenso de traduzir.]
A Esquerda e a Direita são apenas posições no eixo social, importantes como são. Mas há outros dois eixos, o Eixo do Espírito e o Eixo da Terra, ou o Eixo de Cristo e o Eixo de Nossa Senhora. Juntos, eles formam a cruz tridimensional descrita por Guénon no seu Simbolismo da Cruz. Os nossos inimigos são capazes de formarem uniões sobre a divisão Esquerda-e-Direita, pois estão unidos na sua negação a Cristo e rejeição da Virgem. Do mesmo modo, nós devíamos ser capazes de unirmo-nos com as outras pessoas do Espírito e da Terra, apesar das diversas opiniões sociais.
Se nos referirmos ao Eixo do Espírito, existe uma dicotomia entre as fés omni-abrangentes das Três Grandes Igrejas e os cultos exclusivistas. “A Religião não é um assunto privado de pessoas espiritualmente a ela inclinadas”, escreveu Panarin; “A Igreja é o garante dos valores, uma autoridade alternativa e mais alta que está acima dos cambistas. Ela deve ter o poder de tirar o amor e a beleza feminina, as convicções, e o país para fora da praça do mercado.” É por isso que o nosso inimigo combate as Três Igrejas inexoravelmente. Na moderna sociedade, tudo se pode dizer a respeito das Três Igrejas, mas nada se pode dizer, a não ser bem, a respeito do Judaísmo, o protótipo do Neo-Judaísmo.
“A Prática Sagrada do Assassínio de Crianças” – não se encontra um artigo com tal título em qualquer parte do nosso mundo “eivado de anti-semitismo”, embora centenas de crianças palestinas tenham sido massacradas pelos judeus nos últimos anos. Contudo, encontrar-se-á numa revista judaica proeminente:
“A Sagrada Prática Muçulmana da Decapitação”, por Andrew G. Bostom,FrontPageMagazine.com. 13 de Maio de 2004.
As reacções à grotesca decapitação jihadista de ainda outro “Judeu infiel”, Mr. Berg,esclarecem que os nossos serviços secretos são ou perigosamente desinformados, ou simplesmente não querem chegar a acordo com esta feia realidade: tais assassínios são consistentes com as práticas sagradas do jihad, assim como com as atitudes islâmicas para com todos os infiéis não-muçulmanos, em particular, os judeus, as quais datam do século VII, e do próprio exemplo do Profeta Maomé.
Todo o ataque às Igrejas e suas imagens sagradas é permitido, mesmo o ataque maligno que foi usado pelo corpo francês do Estudante Judaico chamado UEJF. Em França, os tribunais aceitam as exigências judaicas para que se calem os sinos das igrejas; o hijab[18] é outro bem conhecido exemplo disso. Na Palestina, na semana passada, a polícia invadiu a Igreja Anglicana e levou o cristão Mordecai Vanunu, que lá pedira asilo. Devemos mobilizar as igrejas e defender o seu espírito.
O Comunismo foi uma tentativa de criar uma nova cristandade que tudo abraçasse, mas sem Cristo. Embora alguns pensadores da ala direita acentuem a ‘origem judaica’ do Comunismo, ele era uma ideologia anti-judaica, que tudo abrangesse. Infelizmente, aplicaram a navalha de Occam[19] com excessivo, demasiado, vigor, e morreram de hemorragia. Nós devemos aceitar os sobreviventes do colapso e dar-lhes um lugar nas nossas fileiras.
Se nos referirmos ao Eixo da Terra, há uma diferença entre os autóctones e os errantes. Yuri Slezkine[20] propôs chamar-lhes Apolónios e Mercúrios, em que “a sociedade Apolónia consiste em camponeses, guerreiros e sacerdotes; enquanto os Mercúrios são mensageiros, mercadores, intérpretes, artesãos, guias, curandeiros e outros atravessadores de fronteiras”. Ele compara esta distinção com a dicotomia Judeus-Gentios e nota: “Os Judeus são mercúrios, enquanto os gentios são apolónios. No mundo moderno todos nós nos tornámos mais mercúrios – mais Judeus, se quiserem, e os tradicionais mercúrios – os Judeus – são melhores como mercúrios do que quaisquer outros”. [21]
Naturalmente, o “todos nós” do Professor Slezkin são seus colegas em Berkeley e Moscovo, e dificilmente os camponeses californianos ou russos. Com esta correcção , a sua tese reformulada: a fim de ter êxito no período do Kali Yuga, é preciso adoptar qualidades judaicas e tornar-se um neo-judeu. Estas “qualidades judaicas”, segundo Slezkin, são “mobilidade, inquietude, desenraizamento, capacidade de ficar alheio e indiferente, não lutando, não partilhando refeições – apenas fazendo, trocando, vendendo, e possivelmente roubando, coisas e conceitos. “Ficar indiferente” implica falta de compaixão; “não partilhar refeições” implica não compartilhar da fé; “Não lutar” implica beneficiar das guerra dos outros; e “desenraizamento” leva à tendência a desenraizar os outros.
Na verdade, os Neo-Judeus não têm compaixão, beneficiam das guerras onde os outros homens lutam, e não têm raízes, e são inexoráveis; um ideal descrito por Jacques Attali[22], que visa um mundo feito de nómadas modernos desligados das raízes ou do solo. Devemos fazer voltar os Mercúrios para a sua modesta posição nas margens da sociedade.
Estas qualidades não são “rácicas”; na verdade, Karl Marx e Simone Weil, Ludwig Wittgenstein e Otto Weininger[23] são bons exemplos dos nossos camaradas-de-armas que forneceram ferramentas para o moderno discurso anti-judaico. Eles provaram que a ‘tendência judaica’ é ideológica e cultural, não racial. A imensa publicidade e quase promoção pelos mediajudaicos é um instrumento para obscurecer esta distinção: o anti-semitismo biológico do espírito mediano, extravagante desenvolvimento de uma luta multissecular contra o espírito judaico, é apresentado como regra.
Rejeitando o racismo, podemos igualmente rejeitar o anti-racismo, pois hoje esta é uma palavra código para uma atitude extrema anti-autóctone. Em vão os amigos da Palestina tentam usar este conceito no seu combate pela igualdade Palestina/Israel. Embora todas a ideia possa ser usada em mais de uma maneira, o anti-racismo é afinado e afiado para a luta neo-judaica contra as sociedade nativas coesas. Usá-la-iam hoje contra Gautémoc ou Boadicea[24], usam-na contra Mugabe. O anti-racismo é a negação do direito do autóctone a decidir o seu destino; um instrumento para separar o Homem da sua paisagem nativa. Este conceito deslegitimiza as objecções à inundação de um país com uma enchente de imigrantes e à ruína do tecido da sociedade.
Teófilo d’Obla notou que “O anti-racismo contemporâneo assim como o conceito dos direitos humanos não são princípios de luta contra a exclusão e pela protecção da Pessoa Humana. Muito pelo contrário, é em nome da inclusão e diluição no Todo amorfo, que estes conceitos são levados até ao pináculo da cultura dominante”.
O Holocausto [judaico] é um shibboleth[25] dos neo-judeus. Tem uma função social para ser usado com o fim de lançar suspeita sobre as maiorias tradicionalistas: se estas não forem desarmadas, transformadas em “sociedades abertas”, o seu estado minado e a sua economia privatizada e vendida às companhias americanas, elas meter-se-ão num novo holocausto. Com sentido do social, Panarin escreve: “Quem quer que aceite o Holocausto como o mais importante acontecimento da História é capaz de fazer guerra civil contra a maioria tradicionalista e torna-se um membro dum grupo dedicado aos globalistas”. Mas o Holocausto também tem um valor teológico pois este acontecimento é oferecido aos crentes para suplantar a Crucificação.
A mantra[26] dos direitos humanos[27] é uma parte importante do Neo-Judaísmo. É usada para minar os interesses da sociedade. Os neo-judeus herdaram do seu antepassado medieval a visão peculiar da sociedade como hospedeira; uma sociedade a que não pertencem mas parasitam. Há uma contradição real entre os direitos de tal indivíduio e o direito da sociedade; o Neo-Judaísmo consistentemente deslegitimiza os direitos da sociedade [hospedeira]. Assim, o direito de um Chodorkovski ou de um Berezovski vender a sua companhia de petróleo aos interesses ocidentais é mais importante do que o direito da sociedade russa dar a cada seu membro o aquecimento no inverno. O direito dum proxeneta importar pornografia ou exportar mulheres para lupanares é mais importante do que o direito da sociedade proteger as suas mulheres ou a sua moralidade.
Conclusão
O estado judeu de Israel tornou-se o estandarte do inimigo e tem de ser desmantelado. Os cidadão israelitas “Judeus” estão divididos entre duas lealdades: a lealdade ao país e a lealdade ao Povo Judaico. Esta segunda lealdade impede-os de se tornarem Palestinos; portanto, ela tem de desaparecer. Aprovamos os cidadãos israelitas que pediram ao Tribunal Supremo que se deixasse de os designar de “Judeus”: para um povo basicamente irreligioso esta palavra tornou-se designativa da lealdade à Judiaria Mundial. O seu destino está com os seus irmãos palestinos, que os aceitarão. Uma pequena minoria judaica ultra-ortodoxa pré-sionista da Palestina demonstrou a sua aderência à tradição: eles devem ser protegidos como uma relíquia e um testemunho; o seu destino deve ser deixado aos poderes espirituais.
Os Palestinos são o epítome do povo autóctone que está a ser desenraizado pelos imigrantes judeus. Eles são o último katekhon[28], nos termos da 2ª carta de S. Paulo aos Tessalonicenses, a última defesa da nossa herança sagrada, os guardiões da tradição holística antes desta ser dividida nas Três Igrejas. Eles são as vítimas paradigmáticas do outsourcing: povo trabalhador que está a ser marginalizado e substituído por mercenários de mão-de-obra.[29] Portanto, esta guerra na Palestina é a nossa guerra nos três eixos: é uma guerra do autóctone contra a potência desenraizadora, é a guerra das Igrejas universais contra os inimigos de Cristo, é a guerra dos camponeses e operários, guerreiros e sacerdotes contra os cambistas. É também uma guerra simbólica: a saber, se o Neo-Judaísmo vai ganhar numa escala global ou perder globalmente. Esta é a guerra mais decisiva do século, e o seu resultado decidirá o futuro. ¶
PRECE: DEUS MISERICORDIOSO NOS PROTEJA! (O Tradutor)
[1] S. João Damasceno (Damasco, 675 – Jerusalém, 749). Foi declarado Doutor da Igreja em 1890 pelo Papa Leão XIII. É sublime o conceito de Muçulmanos serem Cristãos, atendendo ao respeito que devotam a Cristo e Sua Mãe, como é patente no Alcorão. (N. do T.)
[2] Sitt Maryam , árabe, à letra: Senhora Maria (N. do T.)
[3] “filioque” = “e o filho”, acrescento pelos Católicos ao “Credo” do Concílio de Niceia (325), convocado por Constantino o Grande. Provocou, pelo menos em parte, o cisma do século XI entre Católicos e Ortodoxos. (N. do T.)
[4] Samuel P. Huntington, cientista político americano, expôs no seu livro citado, de 1996, que a origem dos conflitos existentes no pós-Guerra fria são as culturas nacionais e as diferentes religiões. Ergo… (N. do T.)
[5] Jornalista italiana famosa pelas suas entrevistas e reportagens de guerra, e notória pela sua islamofobia (N. do T.)
[6] Colunista política americana muito controversa (N. do T.)
[7] Carl Schmitt (1888-1985) – Jurista, pensador, professor universitário, controverso por ter pertencido ao Partido Nacional Socialista alemão. Esteve preso um ano pelos americanos. Em todo o caso, devido à sua potência filosófica adquiriu um prestígio de que não é possível privá-lo. (N. do T.)
[8] Desconstrucionismo – conceito filosófico, iniciado ao que parece por Derrida, na Califórnia, difícil de definir e compreender. Derrida uma vez disse: “A América é desconstrução”. Percebe-se? Só pejorativamente… (N. do T.)
[9] ADL = Anti-Difamation League; ACLU= American Civil Liberties Union. Parece que, enquanto a ADL promove a difamação, a ACLU promove a destruição da sociedade tradicional.(N. do T.)
[10] Guénon , René (1886-1951) – escritor metafísico francês, converteu-se ao Islamismo e tomou o nome de Xaikh Abdu-l- Wahid (Cheique Servo do Único). Muito entendido na religião islâmica. (N. do T.)
[11] Dieudonné (1966 -), comediante francês de pai africano. Fortemente anti-judaico (ver Internet) (N. do T.)
[12] Dugin, Alexandre (1962-), politólogo russo muito influente, fundador do movimento Eurásia, nacionalista. (N. do T.)
[13] Jabotinsky, Vladimir (depois Ze’ev), judeu russo (Odessa, 1880-N.York,1940). (N. do T.)
[14] Sufi é um muçulmano ascético (N. do T.)
[15] Não é isto precisamente o que se observa em Portugal? (N. do T.)
[16] Em Portugal era costume chamar a estas elites traidoras de “estrangeirados”. Agora sabemos qual a sua estranja. (N. do T.)
[17] Dar al-Islam (ár. ) ‘Casa do Islão’ (N. do T.)
[18] Hijab (árabe)- a maneira de vestir das mulheres muçulmanas; véu, que cobre inteiramente o corpo, deixando apenas descoberto o rosto (preceito religioso) (N. do T.).
[19] Navalha de Occam – princípio de Lógica, apresentado pelo frade franciscano inglês do século XIV, William of Ockham, segundo o qual se deve ser sucinto e conciso. Também conhecido por Lex parsimoniae: entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem (As entidades não devem ser multiplicadas para além da necessidade). Por outras palavras, no caso do Comunismo na Rússia, houve muito exagero sem necessidade. (N. do T.)
[20] Yuri Slezkin, autor do livro “O Século Judaico”. Citação: “A elite soviética (geralmente étnicos Ashkenazim) fez, no Império Soviético, estrangeiros dos Russos nativos no seu próprio país, roubou-lhes tudo que tinham, deportou-os e assassinou-os. Do mesmo modo os Askhenazim étnicos russos sionistas fizeram da população nativa da Palestina estrangeiros no seu próprio país, roubaram-lhes tudo, deportaram-nos e assassinaram-nos.”
[21] Lembremo-nos que Mercúrio (ou Hermes, em grego), entre as suas muitas atribuições, era também o deus dos ladrões (N. do T.)
[22] Jacques Attali (1943-), Economista francês, foi conselheiro do Presidente Mitterand (N.do T.)
[23] Simone Weil (1924-1944), filósofa francesa; Ludwig Wittgenstein (1889-1951), filósofo austríaco; Otto Weininger (1880-1903), filósofo austríaco. Suicidou-se.(N.do T.)
[24] Guatémoc – O chefe dos Aztecas quando os Espanhóis se apoderaram do México no século XVI. Boadicea – rainha dos celtas quando os romanos de Júlio César invadiram no século I a.C. a ilha que habitavam, hoje chamada Grã-Bretanha. (N .do T.)
[25] Shibboleth (heb.) – chavão, cliché, característico dum determinado grupo ou comunidade.(N. do T.)
[26] Mantra (hind.)- invocação religiosa, prece. (N. do T.)
[27] Um verdadeiro Cristão não precisa que lhe preguem os direitos humanos. Ele observa-os desde sempre por efeito da doutrina moral da sua Religião. (N. do T.)
[28] Katekhon (gr.) – o que resiste, o que segura, o que restringe. (N. do T.)
[29] Outsourcing – neologismo do inglês [americano?], intraduzível, que designa a situação social no mundo capitalista do economicismo, em que o “capital” se instala no estrangeiro para explorar a mão-de-obra barata, ou importa esta, em detrimento da população trabalhador tradicional. (N. do T. )