(Palestra proferida na Conferência de Madrid, Novembro 2009-11-28)
O mundo está doente. Tem uma alta febre. O aquecimento global é apenas uma metáfora para esta vida febril que levamos. A primeira medida a tomar é baixar a temperatura – arrefecer.
Enquanto a equipa de Obama e seus homólogos em todo o mundo tentam estimular o consumo e encorajar o crescimento, tornando os créditos mais baratos e fazendo mostrar-nos brilhantes e tentadoras imagens de novos automóveis, electrodomésticos para as cozinhas e mulheres sedutoras, nós devíamos inverter caminho: o de reduzir a tentação. Fiquemos abençoadamente ignorantes das maravilhosas oportunidades de modernização do nosso actual arsenal de equipamento.
As tentações de que pedimos ao Senhor nos liberte são diariamente propagandeadas pela máquina publicitária, e elas causam-nos a neurose e a ansiedade de que sofremos. Há um produto secundário, mas igualmente maligno, o da publicidade, e ele é o combustível para os meios de comunicação tentadores, aliciantes, dependentes do negócio e orientados para o consumismo.
Os meios de comunicação têm uma importante e positiva função a desempenhar: nomeadamente, eles ajudam as pessoas a trocarem e a formarem as suas opiniões. Os meios de comunicação são também grandes entretenidores, e isso é bom.
Assim como as qualidades positivas dos meios de comunicação devem ser preservadas, os becos sem saída do negócio, do consumismo e do aliciamento deviam ser eliminados. Em última análise, isto pode ser conseguido proibindo completamente a publicidade, do mesmo modo como foi proibida a publicidade ao tabaco. Contudo, o primeiro passo pode ser menos drástico, e pode fazer-se sem grandes alterações sociais, separando o conteúdo da publicidade. Os jornais e as revistas deviam escolher entre publicar conteúdo – opiniões, histórias, notícias – e publicar publicidade. Se se publicar publicidade, não se deve publicar conteúdo; se se publicar conteúdo não se deve publicar publicidade.
Os meios de comunicação publicitários deviam ser tratados como pornográficos, banidos do espaço público, para serem vendidos separadamente em envelopes de papel castanho. Podemos aprender da Tailândia, onde os cigarros são vendidos legalmente por debaixo do balcão a clientes insistentes, mas nunca exibidos. A publicidade é mais perigosa do que o tabaco, pois causa ansiedade, inveja e um sentimento de falhanço em milhões de pessoas incapazes de comprar o último modelo de Jaguar.
Este procedimento romperá a doentia ligação entre o business e a formação da opinião pública. Os meios de informação com conteúdo ficarão livres para nos entreter e para oferecer a sua tribuna aos escritores e pensadores, sem necessidade de terem a aprovação dos barões da imprensa. Isto restaurará uma saudável troca de opiniões entre os leitores e os meios de comunicação. Tal troca permitiu outrora aos meios de comunicação esquerdistas existirem e prosperarem, mas apesar da sua grande tiragem, eventualmente desapareceram: não podiam competir com os jornais da publicidade na posse dos “mongóis” da imprensa. Assim, em Israel, os esquerdistas Davar e Al Hamishmar sucumbiram, enquanto os jornais dos barões Ha’aretz, Yediyot e Maarivsobreviveram. Na Inglaterra, o único jornal de esquerda morreu, embora a sua circulação fosse quatro vezes maior do que a dos competidores, porque o business não lhe queria dar anúncios. Por isso, após que seja obtida a liberdade dos meios de comunicação, poderemos esperar uma grande variedade de opiniões, e não apenas aquelas aprovadas pelos ricos.
Eventualmente, a publicidade pode ser limitada de tal modo que nenhuma pessoa relutante possa ficar exposta à tentação de consumir, comprar, alugar, fazer um empréstimo, vender ou a qualquer outra actividade relacionada com o negócio.
Isto significará uma reviravolta duma sociedade de consumidores para uma sociedade de produtores. Quase todos nós somos produtores e consumidores; mas hoje em dia a nossa hipóstase (posição inferior) produtora é subserviente da consumidora. Os meios de comunicação baseados no consumismo desprezam a nossa faceta de produtores. Eles não falam do trabalhador honesto, e preferem demorar-se no consumismo conspícuo de uma Paris Hilton. Mas nós queremos viver numa sociedade onde uma Paris Hilton seja orgulhosa do seu trabalho criativo, não da sua capacidade de comer, beber e bronzear-se.
Isto significaria a nossa saída duma sociedade destruidora da natureza, e o regresso a uma sociedade em paz com a natureza. Se o incitamento ao consumismo continuar com insistência, comeremos totalmente o nosso planeta dentro de um século, ou provavelmente em menos tempo. Desistindo do “crescimento” encontraremos a homeostasia (equilíbrio).
Isto significará também a reviravolta duma sociedade inspirada pelos judeus para uma sociedade baseada no Cristianismo. Muitos críticos da moral judaica, da influência e da predominância judaicas, gostam de denunciar a presença judaica desproporcionada neste ou naquele campo de actividade. Eles não oferecem nada para se sair disto, a não ser uma cru e racista substituição dos judeus por gentios. Isto não servirá para nada porque os meios de comunicação possuídos por gentios copiarão a papel químico as práticas judaicas. Poderia ser bastante bom para os “brancos” racistas que vêem um mítico progresso racial, contudo nós queremos mais. Nós queremos a vitória do espírito cristão, não da carne “cristã, pois para nós “Judeus” e “Cristãos” são apenas antónimos espirituais.
Tal sociedade será possível? Com certeza. A sociedade europeia e americana ficou muito recentemente presa na tramóia da publicidade e do consumismo, há menos de trezentos anos. Este processo foi descrito por Werner Sombart, o marxista alemão dos princípios do século XX, como “uma luta entre duas maneiras de ver – judaica e cristã– , entre duas maneiras radicalmente diferentes – melhor, opostas – de encarar a vida económica”. O seu predecessor Max Weber denunciou as raízes protestantes do capitalismo. Sombart corrigiu Weber fazendo notar que foi a influência judaica que formou o capitalismo real.
Ele cedo viu o capitalismo pré-judaico como a sociedade cristã a procurar beleza e harmonia. Nesta sociedade cristã baseada na ética, eram proibidas todas as formas de publicidade, pois eram consideradas desleais. “Os bens eram produzidos e comprados e vendidos a fim de que os consumidores pudessem ter os seus desejos suficientemente satisfeitos. Por outro lado, os produtores e os comerciantes deviam receber vencimentos e lucros justos. O que era justo, e o que era suficiente para a nossa necessidade, era determinado pela tradição consuetudinária. E assim, o produtor e o comerciante deviam receber tanto quanto fosse exigido pelo nível de conforto da sua posição na vida.”
Isto está muito longe da sociedade de hoje, onde não há nenhuma relação entre os vencimentos do produtor e o lucro de um comerciante ou intermediário. Agora consideramos a competição benevolente, porque nos disseram que ela é boa para o consumidor. Mas é boa para um produtor cujo vencimento está constantemente a ser minado pela competição? Pagamos menos por uma aparelhagem por causa da competição, mas os nossos vencimentos estão também a ser deprimidos pela competição, visto que o nosso trabalho é também uma forma de mercadoria. A imigração cria uma permanente depressão nos nossos vencimentos e um impulso à competição da mão-de-obra. Nos países mais bem sucedidos, solidaristas e menos judaizados, como a Suécia e o Japão, há pouca, se alguma, competição quer na mão-de-obra quer na mercadoria. Na Europa pré-judaica a competição era mal vista na sociedade. Os comerciantes não competiam: fixavam os preços e esperavam pelos fregueses.
“Roubar os fregueses ao vizinho era desprezível, não cristão, e imoral. Havia uma regra para “os mercadores em bens domésticos”: “Não lhe leves os fregueses quer oralmente quer por escrito, e não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem.” No século XVIII, na Londres de Defoe e na Alemanha de Goethe, não era considerado decente a um lojista “adornar a sua montra com esmero, anunciar o seu negócio ou elogiar a sua mercadoria… Louvar a sua mercadoria ou mostrar onde o seu negócio era superior aos outros era ilegal. Mas a extrema indecência comercial era anunciar que os seus preços eram inferiores aos da loja em frente.”
Sombart conclui: “tirar lucros era visto pela maior parte das pessoas como indecente, como ‘não cristão’. Os judeus não concordavam com estas regras. Para eles, o lucro justificava tudo. “Os judeus nunca tinham a consciência de procederem mal, de serem comercialmente imorais. Eles é que tinham razão; era a outra, a cristã maneira de ver que estava errada e era estúpida. O judeu é mais homem de negócio do que o vizinho, reconhecendo que no verdadeiro espírito capitalista o supremo valor era o ganho sobre tudo o mais.”
“A pretensão judaica de que eles são os pais da publicidade moderna está bem comprovada. Um anúncio muito antigo nos Estados Unidos – se é o mais antigo não sei dizer – apareceu no dia 17 de Agosto de 1761, no jornal New York Mercury, dizendo: “Vendem-se na Hayman Levy, na Bayard Street, Equipamentos de Campo de todos os géneros, os melhores sapatos ingleses para soldados … e tudo apropriado para fazer a pompa e circunstância da guerra gloriosa. Por fim, os judeus são os fundadores da Imprensa moderna, isto é, da maquinaria da publicidade, muito especialmente dos jornais ordinários.”
Este foi o fim do livre pensamento: somente os escritores aprovados pelos ricos anunciantes podiam ser publicados. Depois que um pequeno jornal californiano, The Coastal Post, publicou o meu artigo em defesa do Presidente Carter, houve um movimento das organizações judaicas para fazer parar o fluxo da publicidade para esse jornal. Em breve, o jornal foi forçado a arrepender-se. Muitos escritores foram forçados à obediência. Nesse breve prazo, a liberdade de imprensa foi vencida.
Acabando com a publicidade, deveríamos acabar também com a publicidade oculta. As notícias sobre os mercados de acções são uma forma de publicidade, pois elas mencionam certas companhias e seus produtos, e, pior ainda, tentam pessoas a jogarem em acções e moedas. Seria bom livrarmo-nos completamente dos mercados de acções, mas como primeiro passo, tratemos toda a informação a respeito dos mercados de acções como publicidade, apenas acessível àqueles que activamente a procuram, protegendo a maioria das pessoas contra a sua exposição a ela. Os mercados de acções deviam abrir-se apenas um dia por semana, como já acontece em alguns países, até que o público se “desmame” da frenética “actividade negocial”.
Podemos olhar em retrospectiva com saudade a experiência da União Soviética, uma utopia de pouca ou nenhuma publicidade, de meios de informação centrados na produção. Na União Soviética uma linda rapariga como Paris Hilton seria deportada para uma aldeia a cem milhas da grande cidade para reeducação numa fábrica ou numa quinta; ela não nos reeducaria a nós e a nossos filhos. Um aparelho feito na Rússia podia servir os seus donos durante vinte ou trinta anos. Os cidadãos soviéticos não era impelidos a consumir. Pelo contrário, eram chamados a produzir e a melhorarem-se pessoalmente pelo estudo. A falta de refinamento da elite soviética eventualmente levou ao colapso desta utopia, mas durante os 18 anos após a sua morte, os resíduos das conquistas da educação soviética nas universidades, nas casas de ópera e orquestras clássicas, na literatura e livre pensamento, continuam a potenciar e a inspirar o Ocidente.¶